Tribunal do Júri condena ex-policial por assassinato de mulher trans em Gurupi
Ex-policial militar é sentenciado a 16 anos de prisão por homicídio qualificado de Cicarelli, vítima trans, em caso emblemático de violência na cidade.
No desenrolar de um caso que chocou a comunidade local, o Tribunal do Júri de Gurupi emitiu um veredito condenatório contra o ex-policial militar Edson Vieira, acusado de participação no assassinato de Cicarelli, uma mulher trans registrada como Daniel Pereira dos Santos. O Ministério Público do Tocantins (MPTO) liderou a acusação, representado pelos promotores de Justiça Rafael Pinto Alamy e André Henrique Leite.
O júri considerou Edson Vieira culpado por homicídio qualificado, motivado por razões torpes e pela utilização de recursos que dificultaram a defesa da vítima. O crime, ocorrido em 2018, foi descrito na denúncia como um ato coordenado entre Vieira e outro ex-policial, Gustavo Teles. Segundo relatos, Teles dirigia uma motocicleta enquanto Vieira, na garupa, efetuou os disparos fatais contra Cicarelli.
A tragédia, que também é caracterizada como “queima de arquivo”, teve motivação supostamente ligada ao fato de Cicarelli ser testemunha em outro inquérito policial. Além disso, o Ministério Público sustenta que a dupla agia em consonância com práticas de grupos de extermínio, visando eliminar elementos sociais considerados “indesejáveis”. Vieira e Teles enfrentam acusações em outras seis ações penais relacionadas a homicídios e tentativas de homicídios, ocorridos entre 2017 e 2018.
A saga teve um desdobramento trágico adicional com a morte de Gustavo Teles durante uma operação policial, alegadamente após sua participação em um dos assassinatos em 2018.
Este veredito representa um marco na busca por justiça e na luta contra a violência, especialmente direcionada a minorias, na cidade de Gurupi.