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Vereador se retrata publicamente após discursos homofóbicos na Câmara Municipal de Araguaína e promotoria destaca impacto social e medidas para reparação

Publicado por
Flávia Ferreira

 

Na manhã dessa terça-feira, 29 , o vereador Jorge Ferreira Carneiro, conhecido como sargento Jorge, utilizou a tribuna da Câmara de Vereadores de Araguaína para efetuar uma retratação pública, como parte de um acordo celebrado com o Ministério Público do Tocantins (MPTO). O parlamentar havia sido alvo de uma Ação Civil Pública proposta pelo MPTO devido a discursos homofóbicos proferidos anteriormente.

No dia 10 de maio de 2021, o vereador fez pronunciamentos com teor discriminatório contra um jornalista, alegando que o profissional teria criticado suas ações por descumprir normas sanitárias relacionadas à Covid-19 ao não utilizar máscara de proteção na Casa Legislativa.

Durante sua retratação, Jorge Ferreira reconheceu seu erro e pediu desculpas à comunidade LGBTQIAPN+, enfatizando que não teve intenção de ofender.

A sessão ordinária da Câmara foi acompanhada pela promotora de Justiça Kamilla Naiser Lima Filipowitz, que enfatizou que a imunidade parlamentar não é um escudo absoluto e que a atuação dos agentes públicos deve contribuir para o cumprimento da função social da administração pública. Kamilla destacou a influência dos debates parlamentares na sociedade, ressaltando que as palavras proferidas na câmara podem gerar tanto incentivos quanto coações.

Nesse acordo, além da retratação, o vereador se comprometeu a doar R$ 5 mil em cestas básicas para a Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Tocantins, atendendo a uma sugestão da ONG Somos. Parte dessa doação já foi entregue durante a própria sessão da Câmara de Vereadores.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TOCANTINS

O MPTO planeja solicitar à Justiça a homologação do acordo após o cumprimento integral das cláusulas, o que marcará o desfecho da Ação Civil Pública. A ação foi movida pelo MPTO após entender que os discursos do vereador não apenas menosprezaram um jornalista, mas também tiveram um impacto negativo na comunidade LGBTQIAPN+. O MPTO alegou que esses discursos incitaram o preconceito, promoveram a estigmatização e afrontaram a dignidade humana dessas pessoas. Isso ganha ainda mais relevância, considerando a origem desses discursos em uma autoridade política que deveria trabalhar pela inclusão de grupos sociais minoritários.

Flávia Ferreira

Com quase 10 anos de experiência em comunicação, percorri diversas funções ao longo da minha trajetória profissional. Iniciei como arquivista de texto e imagem, evoluindo para a posição de locutora de rádio, onde apresentei o programa "Sétima Arte" na Palmas FM. Ao longo do tempo, expandi minha atuação para a área de assessoria de comunicação, desempenhando papéis importantes em órgãos como a Secretaria da Comunicação (Secom), o Detran e a Secretaria da Administração (Secad). Atualmente cursa Jornalismo pela Universidade Federal do Tocantins - UFT