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Deputados federais aprovam projeto de lei que veta as “saidinhas” e mantêm a alteração do Senado que restringe o procedimento para presos considerados de baixa periculosidade

Atualmente, a legislação brasileira permite que os detentos, por meio das saídas temporárias, realizem visitas familiares, participem de cursos profissionalizantes, de ensino médio e superior, além de atividades que visam a reintegração social

 

A Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira, dia 20, o projeto de lei que propõe o fim das chamadas “saidinhas” para detentos de baixa periculosidade durante feriados e festividades, permitindo visitas a familiares e parentes. O texto do projeto, relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PL-SP), agora seguirá para sanção presidencial.

Os parlamentares mantiveram a alteração feita pelo Senado em fevereiro que estabelece uma exceção para as saídas temporárias de presos de baixa periculosidade que participam de cursos educacionais e profissionalizantes.

Atualmente, a legislação brasileira permite que os detentos, por meio das saídas temporárias, realizem visitas familiares, participem de cursos profissionalizantes, de ensino médio e superior, além de atividades que visam a reintegração social.

O relator do processo, Guilherme Derrite, apresentou o projeto de lei com o argumento de que as saídas temporárias não estão alinhadas com os anseios da população, a qual se opõe a esse direito concedido aos presos.

“A saidinha dos feriados é algo que a sociedade não tolera mais. Assim, ao se permitir que presos ainda não reintegrados ao convívio social se beneficiem de 35 dias por ano para desfrutar da vida em liberdade, o poder público coloca toda a população em risco”, afirmou o deputado em seu relatório

UNANIMIDADE 

Por unanimidade, a votação transcorreu sem a divulgação dos votos dos parlamentares no painel, conforme acordo estabelecido com os deputados, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, conduziu a votação sem a fase de orientação.

Membros da base partidária petista facilitaram a votação, argumentando que as emendas do Senado “prejudicaram” o Projeto de Lei.

Pedro Paulo, deputado pelo PSD-RJ, ao se posicionar contrariamente à proposta, criticou sua descaracterização. “As emendas pioraram o projeto. O texto original da Câmara era mais restritivo. Por isso, todos votaram a favor. É importante esclarecer”, afirmou, demonstrando sua posição em relação às alterações realizadas no projeto.
DISCUSSÃO EM VIGÊNCIA DESDE 2013 
As discussões sobre as restrições das saídas temporárias para detentos vêm se arrastando desde 2013. O projeto de lei ganhou destaque recentemente após um policial militar ser morto por um preso beneficiado pelas “saidinhas” em Belo Horizonte, em janeiro.

 

POSICIONAMENTO DE ENTIDADES SOBRE O PROJETO  

Cerca de 66 entidades, incluindo o Instituto de Defesa do Direito à Defesa (IDDD), divulgaram uma nota à imprensa durante a aprovação do texto no Senado, afirmando que a lei “terá um enorme impacto financeiro para a União e para os estados” e “agravará ainda mais” os índices de violência.

“A extinção da saída temporária iguala o regime semiaberto ao regime fechado, ferindo o princípio da individualização das penas e colocando fim ao retorno gradual da pessoa presa ao convívio social e familiar, o que certamente trará impactos sociais negativos”, diz a nota.

O Grupo de Trabalho Interinstitucional de Defesa da Cidadania, composto pelo Ministério Público Federal (MPF), defensorias públicas (inclusive da União) e entidades da sociedade civil, também criticou a proposta do texto legislativo por apresentar inconstitucionalidades.

“As chamadas “saidinhas” são um importante instrumento de ressocialização e reconstrução dos laços sociais, fortalecendo os vínculos familiares e contribuindo para o processo de reintegração social da pessoa em privação de liberdade”, diz o grupo em comunicado.

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