O ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse (Agir), recebeu liberdade após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Antônio Saldanha Palheiro concedeu liminar na noite dessa terça-feira, 18 , atendendo ao pedido da defesa para revogação da prisão preventiva. A mesma decisão se estende ao ex-secretário Claudinei Aparecido Quaresemin, sobrinho de Carlesse e também investigado.
A Justiça determinou que Carlesse cumpra medidas cautelares diversas da prisão. Um ofício foi enviado ao Tribunal de Justiça do Tocantins informando a decisão. Com isso, o ex-governador poderá aguardar o julgamento do recurso em liberdade.
Durante os 65 dias que esteve preso no Quartel do Comando Geral de Palmas, a defesa tentou, sem sucesso, reverter a detenção por meio de diversos pedidos negados pela Justiça Estadual.
Acusações e investigações
Carlesse responde a investigações sobre desvios de dinheiro, fraudes em licitações e outros crimes. Ele é alvo de operações que apuram supostos pagamentos de propina no plano de saúde dos servidores públicos e irregularidades na Polícia Civil. A estimativa é de que R$ 44 milhões tenham sido pagos em propinas relacionadas ao plano de saúde.
O ex-governador renunciou ao cargo em 2021 para evitar um processo de impeachment. As investigações, que começaram na esfera federal, foram posteriormente enviadas à Justiça estadual.
Suspeita de fuga para a Europa
Entre os elementos do processo, o Ministério Público apontou que Carlesse e Quaresemin teriam planejado fugir para a Itália. Segundo os investigadores, uma casa no país europeu foi alugada por meio de uma intermediária, com um valor de 1,5 mil euros mensais.
A Justiça chegou a negar diversos pedidos de liberdade com base nesse indício. Em uma das decisões, a desembargadora Angela Issa Haonat destacou que a retenção do passaporte não impediria a fuga, já que países do Mercosul permitem entrada sem a necessidade do documento.
Outras acusações
Além das investigações já citadas, Carlesse é suspeito de envolvimento em corrupção, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, falsidade ideológica, obstrução de investigações, organização criminosa e peculato.
Em 2024, uma nova operação da Polícia Federal trouxe indícios de irregularidades em contratos da extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Tocantins. Durante essa investigação, surgiram evidências do suposto plano de fuga, mas Carlesse nega a intenção de deixar o país.