Retrato da violência doméstica no Tocantins: O perfil das mulheres assistidas pela Defensoria Pública

Publicado por
Flávia Ferreira

 

Um estudo conduzido pelo setor de Estatísticas da Corregedoria Geral da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), apresenta informações sobre as características das mulheres que sofrem violência doméstica. Os registros abrangem o período compreendido entre 01 de janeiro de 2020 e 25 de junho de 2023, proporcionando uma levantamento das características demográficas e socioeconômicas que definem aquelas que buscam apoio junto à instituição.

Aspectos Socioeconômicos:

  1. Renda Mensal: Mais de metade (54,6%) das mulheres vítimas de violência doméstica assistidas pela Defensoria Pública do Tocantins possuem uma renda mensal de até 1/2 salário mínimo, indicando uma alta prevalência de vulnerabilidade econômica entre as vítimas.
  2. Etnia: A maioria das mulheres atendidas (61,7%) se autodeclara parda ou preta, sugerindo que mulheres pertencentes a grupos étnicos minoritários são mais afetadas por casos de violência doméstica.
  3. Estado Civil: O levantamento revela que 45,9% das mulheres vítimas são solteiras, enquanto 37% são casadas ou vivem em união estável. Isso pode indicar uma diversidade de situações conjugais em que a violência doméstica ocorre.
  4. Moradia: Uma parcela significativa das mulheres (35,53%) reside em imóveis alugados (19,2%) ou cedidos (16,1%). Essa informação ressalta a importância de entender o impacto da insegurança habitacional nas situações de violência.
  5. Escolaridade: 32,9% das mulheres vítimas possuem Ensino Médio completo, apontando para um grau variado de níveis educacionais entre as assistidas.

A importância dos Dados:

Os dados coletados têm um propósito essencial ao permitir uma análise mais abrangente dos casos de violência doméstica, incorporando o contexto social das vítimas e suas famílias. “Os números não apenas delineiam o perfil das assistidas, mas também orientam sobre possíveis iniciativas para além do aspecto jurídico”, relata a coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), defensora pública Pollyana Lopes.

Essas informações podem ser empregadas para alinhar estratégias educacionais de conscientização sobre os direitos das mulheres e prevenção da violência, bem como para identificar fatores de risco e dirigir ações de intervenção mais eficazes.

Além dos Números:

É importante entender que os dados fornecidos pela Defensoria Pública retratam apenas o perfil das mulheres que buscaram assistência legal. A resolução do Conselho Superior da Defensoria Pública nº 170/2018 rege os critérios para o atendimento, associando-o à situação de vulnerabilidade e ao perfil da pessoa assistida.

Tendências Atuais:

Até 3 de agosto de 2023, a Defensoria Pública já prestou atendimento a 735 mulheres vítimas de violência doméstica no Tocantins, se aproximando do total de 889 atendimentos realizados no ano anterior. Essa tendência sugere uma persistente necessidade de apoio e intervenção em casos de violência doméstica na região.

 

Flávia Ferreira

Com quase 10 anos de experiência em comunicação, percorri diversas funções ao longo da minha trajetória profissional. Iniciei como arquivista de texto e imagem, evoluindo para a posição de locutora de rádio, onde apresentei o programa "Sétima Arte" na Palmas FM. Ao longo do tempo, expandi minha atuação para a área de assessoria de comunicação, desempenhando papéis importantes em órgãos como a Secretaria da Comunicação (Secom), o Detran e a Secretaria da Administração (Secad). Atualmente cursa Jornalismo pela Universidade Federal do Tocantins - UFT