A coronel Andreya de Fátima Bueno foi nomeada, por meio de publicação no Diário Oficial nesta quarta, 1º, como Chefe do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins (CBMTO), ela se tornou a primeira mulher a ocupar o posto no Tocantins. A nova chefe do Estado-Maior já tinha registrado seu nome da histórica da corporação ao ter sido a primeira mulher a ingressar no Curso de Formação de Oficiais Combatentes do Tocantins do CBMTO e foi também a primeira mulher a se tornar Coronel dos Bombeiros em abril de 2023.
O acesso de mulheres a cargos de destaque representa avanços históricos, já que esse ambiente é tradicionalmente ocupado por homens, e ainda mais no Corpo de Bombeiros, onde há pouco tempo se registrou denúncias de assédio moral contra mulheres.
Em 2019, a Associação de Mulheres Policiais do Tocantins divulgou pesquisa respondida por 183 militares dos Bombeiros que revelou que 62,3% deles diziam já ter sofrido algum tipo de assédio moral. O caso foi arquivado na Justiça, e o Ministério Público do Estado afirmou à Justiça que não conseguiu localizar vítimas ou comprovar a materialidade de nenhuma das denúncias.
Para o governador Wanderlei Barbosa, que nomeou a chefe do estado-maior, o passo é importante, “para o reconhecimento do talento e competência das mulheres em posições de liderança. Tenho certeza de que a coronel Andreya desempenhará um papel de excelência no Corpo de Bombeiros. Parabéns a ela e a todos os bombeiros pelo trabalho excepcional que realizam diariamente”, frisou o governador Wanderlei Barbosa.
“O CBMTO é uma corporação sólida, formada por homens e mulheres que dedicam suas vidas à missão de salvar vidas e sinto muito orgulho em poder representá-los no comando desta instituição”, ressaltou a chefe do Estado-Maior, coronel Andreya Bueno, por sua vez.
Andreya de Fatima Bueno é formada em Biomedicina pela Universidade Federal do Tocantins. Foi a primeira mulher a ingressar no Curso de Formação de Oficiais Combatentes do Tocantins do CBMTO; possui Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Emergências; alcançou o posto de Tenente Coronel Bombeiro Combatente em 2019; se tornou Comandante de Batalhão do CBMTO também em 2019. Foi a primeira mulher a se tornar Coronel dos bombeiros em abril de 2023.
Coronel Andreya de Fátima Bueno faz parte do efetivo desde 2006, quando o CBMTO foi emancipado da Polícia Militar e passou a ser oficialmente uma corporação independente e autônoma. No CBMTO, assumiu as funções de Comandante Operacional, Comandante de Gestão de Pessoas e Comandante de Correição e Disciplina (Corregedora).
A mulher na PM – TO
Na Polícia Militar, a coronel PM Alaídes Pereira Machado foi a primeira mulher a ocupar a função de subchefe do estado maior da Polícia Militar do Tocantins, cargo que compreende o escalão de alto comando da instituição, sendo a terceira na hierarquia de comando. A cúpula do comando da PMTO é composta pelo comandante-geral, chefe do estado maior e subchefe do estado maior.
Com 25 anos de serviços prestados na instituição, a oficial é a mulher mais antiga na PMTO, e já ocupou diversas funções na corporação ao longo de sua história, como comandante da Academia de Polícia Militar Tiradentes (APMT), entre outros cargos.
Em 1989 o gênero feminino foi incluído na Polícia Militar do Tocantins, quando o então governador do Estado, José Wilson Siqueira Campos, assinou a Medida Provisória (nº 001) que dispunha sobre a estrutura básica do Poder Executivo e incluía a Polícia Militar em seu organograma geral. Naquela época a PMTO contava com um efetivo de 1.137 policiais apenas do sexo masculino, no entanto o então governador autorizou o primeiro concurso para policiais femininas.
O ingresso se dá via concurso público, de acordo com o art. 11, § 10, da Lei 2.578, de 20 de abril de 2012, as vagas para ingresso na Corporação, destinadas ao sexo feminino, são limitadas a 10% do total disponibilizado no concurso público.
Dados da Diretoria de Pessoal do Comando-Geral da Polícia Militar do Tocantins, disponível no site da Corporação, apontam que do total de policiais militares da ativa em todo Estado, 11,9% são mulheres (entre praças e oficiais), cerca de 60% do efetivo feminino ocupam funções administrativas e 40% desenvolvem serviços operacionais, atuando no policiamento nas ruas, por exemplo.
As policiais femininas estão presentes, ainda segundo o portal, em 08 BPMs (Batalhões da Polícia Militar) e 06 CIPMs (Companhia Independente de Polícia Militar), considerados unidades operacionais; a CIOE (Companhia Independente de Operações Especiais) e a Cipama (Companhia Independente de Polícia Militar Ambiental), que representam unidades operacionais especializadas; além das unidades administrativas, onde figuram a APMT, o QCG – Quartel do Comando Geral em Palmas e o SIOP (Sistema Integrado de Operações), este que também desenvolve ações de natureza operacional.
Atualmente, dentre as 16 Unidades existentes no Estado, o 5º Batalhão, com sede em Porto Nacional, a 2ª CIPM em Dianópolis, e o 7º BPM, em Guaraí, já foram comandado pela tenente-coronel Patrícia Murussi Leite; e ela também assumiu o 2º Batalhão da PM – o maior unidade operacional da Polícia Militar. Um desafio imenso para o período em que os índices de violência na região estava alto.
A 3ª CIPM – Companhia Independente de Polícia Militar, com sede em Colinas, já esteve sob comando da Major Denise Marcela Guimarães e Silva Gomes.
Primeira na PM – TO
A primeira mulher a entrar para a PM do Tocantins foi Mirancy Gonçalves Neto, que iniciou sua carreira como soldado da primeira turma de policiais femininas do estado de Goiás, em 1986. Em 1989 Mirancy passou tornou-se aluna oficial pelo Tocantins. Mirancy, que hoje está na reserva, foi a primeira a tornar-se coronel da PM no Tocantins. Também foi ela a primeira a comandar uma Unidade Operacional no Estado do Tocantins. 
Atualmente na reserva, Cel Mirancy analisa que a posse de uma mulher em postos de comando é “o reconhecimento da competência da jovem oficial, pelo nosso Excelentíssimo Senhor Governador – Wanderley Barbosa”, segundo ela, o ato “imprime novos rumos e oportunidades às mulheres que integram as duas corporações, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Tocantins. Como pioneira no quadro de policiais femininas no Estado de Goiás e, também, como pioneira no Estado do Tocantins, saber que as portas estão e continuam abertas para essas mulheres guerreiras, é gratificante. Regozijo-me com a Coronel Andreya Bueno, pois vamos, assim, colocando tijolos na construção dos nossos espaços, principalmente nos meios profissionais que, por tradição, congregava somente homens”.