Cavalgada em Gurupi resulta em morte de égua; casos são frequentes em eventos do tipo

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Lorena Karlla Mascarenhas

Com o início da temporada de cavalgadas, tradição de exposição de montarias por meio de passeios em longos trajetos de zonas rurais até as zonas urbanas em cidades com economias ligadas à pecuária – por vezes os animais são transportados de uma cidade a outra, para participar dos eventos, também iniciam as informações sobre mortes de animais. No domingo, 28, ocorreu mais uma vez episódio do tipo, em tradicional cavalgada, que antecede à exposição agropecuária do Município, a 49ª Expo Gurupi.

Uma égua morreu, na rua 09 esquina com a Avenida São Paulo, em Gurupi, durante uma cavalgada. O equino, fazia parte de uma comitiva de Figueirópolis, participante da programação. Até essa segunda não havia informações sobre as causas da morte do animal.

A cavalgada de Gurupi teve a participação de oito comitivas. Conforme informações divulgadas pela imprensa, a concentração ocorreu numa Chácara, na saída do Município de Peixe, da qual cavaleiros e montarias saíram por volta de 10 horas em direção ao parque de vaquejadas da cidade. A organização afirma que havia água no trajeto e pontos de descanso. Outra informação é que órgãos como o Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins) e a Companhia Ambiental da Polícia Militar teriam acompanhado a programação.

Acontece todo ano

Em maio de 2023, na cidade de Fátima, um cavalo caiu durante uma cavalgada que celebrava o aniversário da cidade e não resistiu.

Em 2019, dois animais morreram durante a tradicional ‘Cavalgada Ecológica’ do município de Pium (TO). A cavalgada teve percurso de 75 km, o que gerou excesso de esforço físico, que, associado ao calor e, a possibilidade de maus-tratos, podem ter causado a morte dos animais. Na época, moradores afirmaram que um burro teria agonizado e sangrado até a morte no centro da cidade. As cenas chegaram a ser reproduzidas em redes sociais.

Legislação

Conforme estabelecido na Lei nº 4.132, de 12 de janeiro de 2023, a responsabilidade pela manutenção do bem-estar animal é compartilhada pela comunidade. A legislação também estipula que eventos podem ser suspensos pelo Médico Veterinário Responsável Técnico, pelo promotor ou administrador do evento, ou pelo representante da Adapec, caso seja identificado algum perigo que comprometa o bem-estar dos animais e dos participantes.

MPE – TO

Após ampla divulgação, na imprensa e nas redes sociais, de imagens e notícias da morte de um animal ao final da cavalgada realizada em Gurupi, neste domingo 28, o Ministério Público do Tocantins (MPTO), por meio da 7ª Promotoria de Justiça de Gurupi, oficiou diversos  órgãos municipais e estaduais para que informem, no prazo de 48 horas, se procederam à fiscalização durante o evento.

Os ofícios foram encaminhados à Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (Adapec), Polícia Militar (PMTO), Companhia de Polícia Ambiental (Cipama), à Diretoria de Meio Ambiente do Município de Gurupi e à Agência Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT).

Ao Delegado Regional da Polícia Civil e à Polícia Militar foram solicitadas informações sobre registros de Boletim de Ocorrência em relação à morte do equino no centro da cidade.

A promotora de Justiça Maria Juliana Naves destaca que no último dia 09, já havia instaurado um Procedimento Administrativo para acompanhar a realização da cavalgada de abertura da 49ª Exposição Agropecuária de Gurupi, a fim de evitar maus-tratos aos animais.

Lorena Karlla Mascarenhas

Jornalista, especialista em políticas públicas, mestranda em Comunicação e Sociedade. Escreve sobre Direitos Humanos, Justiça, Viagens, Sociedade, Cultura e Arte