A Delegacia de Repressão a Roubos (DRR) da Polícia Civil, em Araguaína, concluiu na segunda-feira, 23, a investigação de uma sequência de crimes cometidos contra mulheres entre os anos de 2021 e 2022. Um homem de 35 anos, identificado pelas iniciais C.A.S.S.J., foi formalmente responsabilizado por envolvimento nos roubos.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Felipe Crivelaro, diversos boletins de ocorrência foram registrados por mulheres que relataram ter sido abordadas por um homem em uma motocicleta preta. O padrão chamou atenção: o suspeito se aproximava nas primeiras horas da manhã, sempre fingindo estar armado, e exigia que as vítimas entregassem apenas seus celulares.
Em nenhuma das abordagens as vítimas chegaram a ver uma arma de verdade, mas o homem fazia ameaças, simulando portar um revólver ou pistola. O medo provocado foi suficiente para garantir a rendição das vítimas, geralmente em locais isolados da cidade.
Com mais de 15 registros semelhantes, os investigadores intensificaram os trabalhos e chegaram a um primeiro suspeito. Apesar das semelhanças com o perfil descrito, buscas em sua casa não revelaram qualquer item ilícito.
Segundo suspeito e apreensão de cartões
A equipe da DRR, então, identificou um segundo homem, cujas características batiam com os relatos. Após nova ordem judicial, os agentes encontraram em sua residência 26 cartões de memória. A análise do conteúdo comprovou que parte do material pertencia a vítimas que registraram boletins de ocorrência por roubo de celular.
Tentativa de justificar a posse dos objetos
Mesmo diante das evidências, o suspeito negou envolvimento direto nos crimes. Disse que nunca teve uma motocicleta preta, mas que usava uma moto semelhante, de propriedade da companheira, para levá-la ao trabalho justamente no horário em que os crimes ocorreram. Também afirmou que comprou os cartões em um bar, no Setor Maracanã, de um conhecido.
Investigação aponta padrão psicológico do acusado
O delegado Felipe Crivelaro informou que o comportamento do suspeito ao longo da apuração indicava traços específicos de personalidade. Ele se mostrava calmo e controlado durante as abordagens. É um indivíduo oportunista, que escolhia o momento mais favorável para abordar vítimas em situação de vulnerabilidade. Demonstrou ainda comportamento manipulador, já que, em algumas abordagens, fingia pedir informações, sugerindo que havia planejamento nas ações. Também apresenta baixa empatia, uma vez que, além de ameaçar as vítimas, em uma das ocasiões chegou a ameaçar uma cachorra que estava com sua tutora”.
Guarda de objetos pessoais e simbolismo criminal
Um ponto que chamou atenção da equipe foi o fato de o investigado manter em sua posse todos os cartões de memória das vítimas, mesmo sem valor comercial. De acordo com o delegado, esse tipo de conduta é associado a criminosos que guardam objetos como uma forma de reviver o crime.
“O armazenamento dos cartões sugere uma busca por gratificação psicológica. Esses objetos funcionam como uma espécie de troféu, permitindo ao criminoso reviver a sensação de controle e dominação sobre as vítimas, característica já bem documentada pela criminologia no que se conhece como signature aspect”, detalhou Crivelaro.
Encaminhamento do caso à Justiça
Com as provas reunidas, o homem foi indiciado por sete roubos com o mesmo padrão de execução. O inquérito foi concluído e já foi encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário para as devidas providências legais. Segundo o delegado, esse é um caso emblemático por demonstrar um comportamento metódico.
“É um caso que revela um padrão claro: um único indivíduo que agia com foco em subtrair celulares de mulheres sozinhas, não apenas pela vantagem financeira, mas pelo desejo de se apropriar dos cartões de memória, que eram guardados como uma forma de recordação das vítimas”, finalizou.