Preocupantes estatísticas divulgadas recentemente pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) revelam um aumento significativo no número de mortes por infarto entre mulheres mais jovens, com idades compreendidas entre 16 e 55 anos. A atualização do posicionamento sobre Doenças Isquêmicas do Coração (DIC) da SBC aponta para um cenário alarmante que exige atenção imediata.
De acordo com os especialistas, o infarto nas mulheres é subdiagnosticado e subtratado, resultando em desfechos desfavoráveis em comparação com os homens. A Dra. Gláucia Maria Moraes de Oliveira, uma das coordenadoras do posicionamento, afirma: “Os resultados desses infartos são ruins porque os desfechos são diferentes em homens e mulheres”.
O documento revela ainda que estudos têm demonstrado taxas significativamente menores de angioplastia e maiores taxas de mortalidade hospitalar entre as mulheres. Além disso, a prevalência de MINOCA (infarto do miocárdio sem obstrução arterial coronária) também é mais elevada no público feminino.
Ao analisar a taxa de anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) a cada 10 mil habitantes, as Doenças Isquêmicas do Coração ocupam a segunda posição no ranking. Em primeiro lugar, como a principal causa de diminuição da expectativa de vida das mulheres, estão os distúrbios relacionados à gestação.
Outros dados revelados pelo posicionamento da SBC também são preocupantes. As mulheres apresentam uma maior frequência de fatores de risco cardiovasculares não tradicionais, como estresse mental e depressão. Além disso, menos de 10% delas conseguem controlar os fatores de risco para doenças coronarianas, enquanto enfrentam uma maior incidência de fatores de risco inerentes ao sexo, como gravidez e menopausa.
É igualmente alarmante constatar que menos de 50% das mulheres estão recebendo o tratamento medicamentoso adequado para lidar com essas condições de saúde. Diante dessa realidade preocupante, é urgente que sejam implementadas medidas eficazes para o diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a conscientização sobre os riscos cardíacos que afetam as mulheres.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia alerta para a necessidade de investimentos em programas de prevenção e educação sobre saúde cardiovascular voltados especificamente para as mulheres. A conscientização sobre os fatores de risco, a importância da adoção de um estilo de vida saudável e a busca por atendimento médico especializado podem desempenhar um papel fundamental na reversão dessa preocupante tendência. A saúde cardiovascular das mulheres deve ser tratada com a devida seriedade e prioridade que merece.