O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) está financiando uma pesquisa inovadora sobre as baunilhas nativas do Cerrado, que visa identificar e preservar essas espécies em áreas protegidas no Tocantins. Liderado pela professora Marta Heloísa Mairesse, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFTO), o estudo “Levantamento e resgate das espécies de baunilha nos Parques Estaduais de Proteção Integral do Tocantins, Brasil” recebeu apoio do Naturatins e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt). O projeto abrange as áreas dos parques do Cantão, Jalapão e Lajeado.
Segundo Mairesse, a pesquisa é fundamental para a conservação das baunilhas nativas e oferece dados essenciais para estudos de ecologia, genética, biotecnologia e políticas de manejo ambiental. A iniciativa faz parte de um investimento de R$ 1,3 milhão em recursos de compensação ambiental, direcionado a projetos de pesquisa em Unidades de Conservação estaduais.
Baunilhas do Cerrado: raridade e valor econômico
Dentre as espécies investigadas estão as baunilhas Vanilla pompona e Vanilla chamissonis, conhecidas como “baunilhas do Cerrado”, com propriedades únicas e potencial valorizado nos mercados de alimentos, cosméticos e produtos medicinais. Embora o aroma de baunilha seja amplamente popular no mundo, a maior parte da produção vem da Vanilla planifolia, cultivada fora do Brasil. Em contraste, as espécies do Cerrado apresentam características aromáticas e químicas singulares.
Essas baunilhas são valorizadas também por seu uso em cosméticos e produtos fitoterápicos. Em tempos de valorização de produtos naturais, essas espécies locais ganham destaque como alternativas promissoras para o desenvolvimento socioeconômico de comunidades locais e pequenos produtores.
Envolvimento comunitário e sustentabilidade
Além de financiar a pesquisa, o Naturatins incentiva o envolvimento das comunidades locais no cultivo e manejo sustentável das baunilhas. Este apoio fomenta novas fontes de renda para agricultores familiares e pequenos produtores da região, como José Batista dos Santos, conhecido como Zé Mininim, que vê nas baunilhas uma oportunidade semelhante à que teve com a produção de farinha de jatobá.
Samyla Valadares, gerente de Suporte ao Desenvolvimento Socioeconômico do Naturatins, destaca que a continuidade da pesquisa e cultivo das baunilhas nativas contribuirá para a preservação dessas espécies e criará uma cadeia produtiva de alto valor, beneficiando tanto a economia local quanto a conservação ambiental.