O seu canal diário de Notícias

Presas em Talismã recebem atendimento interdisciplinar e jurídico da Defensoria

Ação acontece até essa sexta-feira, 27

Vínculos socioafetivos, atendimento jurídico individual, acolhimento psicológico, interdisciplinariedade, ressocialização e integração social. Estes são alguns dos pontos abordados pelo projeto “Visita Interdisciplinar – Visita Afetiva (Viva): Transformando Histórias”, realizado pela Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO). Nesta quinta-feira, 26, e sexta-feira, 27, o projeto está atendendo mulheres presas na Unidade Penal Feminina de Talismã, cidade distante 355 km de Palmas.

A equipe de atuação envolve mais de 20 pessoas, formada por defensoras(es) e servidoras(es) da Instituição. Na ocasião, um questionário é aplicado pela Equipe Multidisciplinar para conhecer melhor as reeducandas. Dentre os principais pontos da pesquisa estão a investigação sobre mulheres gestantes, lactantes e mães de crianças ou pessoas com deficiência, que possam ter o direito de substituir a prisão preventiva pela prisão domiciliar, desde que o crime em questão não tenha sido cometido com violência ou a ameaça grave à pessoa, e não tenha sido cometido contra seus próprios filhos, conforme orienta decisão proferida no Habeas Corpus nº 143641/SP e da Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nº 369/2021.

O projeto é uma realização da DPE-TO, por meio do Núcleo Especializado de Assistência e Defesa ao Preso (Nadep), em parceria com o Governo Federal. O coordenador do Nadep, defensor público Adir Pereira Sobrinho, disse que o projeto desempenha um papel fundamental na busca por uma sociedade mais justa e na reinserção bem-sucedida das mulheres reeducandas no convívio social. “Esta abordagem reconhece a importância das relações humanas e do apoio emocional no processo de reabilitação e ressocialização dessas mulheres”, considerou.

Integrante da equipe de atendimento, a defensora pública Napociani Pereira Póvoa ressaltou que o projeto promove esse respeito com as mulheres presas, destacando as necessidades emocionais e psicológicas. “Por meio do Viva, tentamos fornecer um espaço seguro para expressar emoções, receber apoio e, quando necessário, acesso a tratamento”, declarou.

De acordo com a coordenadora da Equipe Multidisciplinar da DPE-TO, psicóloga Dayelly Borges, a proposta do atendimento é também identificar as principais necessidades das mulheres presas para que possam ser pensadas ações e encaminhamentos que possibilitem melhoria nas condições de vida dessas mulheres e das famílias que vivenciam a condição do cárcere. “O atendimento interdisciplinar nas unidades prisionais femininas com foco nos aspectos socioafetivos é fundamental para reconhecer as singularidades de cada mulher, promover atenção e cuidado e pensar na implementação de propostas e de políticas públicas que efetivamente possam melhorar as condições de existência no ambiente prisional e também fora dele”, ressaltou.

Atendimento

Os atendimentos individuais focaram em questionamentos como vínculos afetivos da maternidade, guarda das(os) filhas(os), reconhecimento de paternidade e ainda contextualização histórica das reeducandas sobre violência doméstica, saúde mental, afetividade, assistência em programas sociais, entre outros pontos.

Uma das reeducandas atendidas falou na abordagem sobre a necessidade dos vínculos afetivos, até mesmo para sua ressocialização. “Estou presa há mais de seis meses e tenho um marido e cinco filhos do lado de fora, que eu só vi por visita virtual, desde o dia que fui presa. Eu sinto falta do abraço deles, do toque, oro dia e noite à espera do dia de encontra-los”, declarou.

Outra mulher presa falou sobre a falta de visita íntima na unidade. “A gente sabe que tem visita íntima nas unidades masculinas, mas nas femininas não. Nós também necessitamos desse vínculo com nossos companheiros e não temos esse direito”, lamentou uma delas.

 

Vistoria

Além dos atendimentos individuais, nessa quinta-feira a equipe realizou inspeção na unidade penal, verificando condições estruturais, de saúde, educação e outras demandas coletivas.

Projeto Viva

O “Projeto Viva – Visita Interdisciplinar e Vínculo Afetivo: Transformando histórias” é realizado por meio do convênio nº 931371/2022, firmado entre a Defensoria Pública do Estado do Tocantins e a União, por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia Mais