No Dia do Cerrado, celebrado nesta segunda-feira, 11 de setembro, destaca-se a importância do Programa Jurisdicional de REDD+ no Tocantins, que visa impulsionar as cadeias produtivas da sociobiodiversidade e promover o desenvolvimento sustentável. O Cerrado, bioma que ocupa impressionantes 91% do território do estado, abriga diversas comunidades extrativistas que utilizam de forma consciente e sustentável sua rica biodiversidade, transformando-a em fonte de renda para agricultores familiares e comunidades tradicionais.
O Cerrado é reconhecido como um hotspot ecossistêmico, caracterizado por uma biodiversidade excepcionalmente rica e ao mesmo tempo ameaçada de extinção. O bioma é um verdadeiro tesouro para o Tocantins, compreendendo a maior parte de seu território (os 9% restantes são ocupados pela Amazônia).
Um exemplo notável do uso sustentável dos recursos do Cerrado pode ser encontrado na comunidade quilombola Mumbuca, localizada na região do Jalapão, a cerca de 300 km da capital, Palmas. Nesta comunidade, o capim-dourado, conhecido como o “ouro do Tocantins”, é habilmente transformado pelas artesãs em biojoias e artesanatos que atravessam fronteiras e conquistam o mercado internacional.
Railane Ribeiro da Silva, presidente da Associação de Artesãos e Extrativistas do Povoado do Mumbuca, destaca que mais de 90% das famílias da comunidade dependem da venda do capim-dourado. Durante a alta temporada, a comunidade chega a comercializar impressionantes 5 mil peças por mês. Railane enfatiza a importância do capim-dourado não apenas como fonte de renda, mas como um meio de manter a subsistência e preservar a cultura da comunidade. Segundo ela, “O capim-dourado é o nosso tesouro.”
Além do capim-dourado, o Cerrado oferece uma ampla gama de produtos da sociobiodiversidade, incluindo doces, polpas, farinhas, óleos, essências e sabonetes de frutos como pequi, buriti e murici. Essas plantas nativas desempenham um papel crucial na produção de alimentos, medicamentos, cosméticos e peças de artesanato de valor econômico.
Marcello Lelis, secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Tocantins, destaca que o fortalecimento das cadeias produtivas sustentáveis é um dos pilares da Estratégia Tocantins Competitivo e Sustentável. Esta estratégia visa a promoção do desenvolvimento econômico baseado em baixas emissões de carbono, utilizando recursos provenientes das vendas de créditos de carbono em parceria com a Mercuria Energy Trading S/A. O secretário enfatiza a importância de ouvir as comunidades tradicionais e agricultores familiares para desenvolver ainda mais as cadeias, promovendo a conservação e o uso sustentável da biodiversidade, além de melhorar a qualidade de vida dessas famílias.
A estratégia também prevê o estabelecimento de novos arranjos produtivos locais com base nos produtos da sociobiodiversidade, respeitando os saberes tradicionais. Marli Santos, superintendente de Gestão de Políticas Públicas Ambientais da Semarh, enfatiza que o Cerrado oferece serviços ecossistêmicos cruciais para os seres humanos, como polinização, produção de fibras e madeiras, fornecimento de água e produtos da biodiversidade com grande importância econômica e social, especialmente para agricultores e comunidades tradicionais.
O Tocantins, localizado na Savana mais biodiversa do mundo, compromete-se a proteger essa riqueza por meio de sua estratégia de sustentabilidade para os próximos 20 anos. Além de fortalecer e estruturar as cadeias produtivas, a estratégia busca promover o protagonismo das comunidades tradicionais, fomentar a economia criativa e incentivar a adoção de práticas para preservar a beleza cênica local. A superintendente Marli Santos destaca que o estado busca se tornar uma referência na produção sustentável de alimentos e produtos da sociobiodiversidade, bem como na gestão de suas riquezas naturais. Os recursos gerados pelas vendas de créditos de carbono serão fundamentais para esses investimentos, que começarão com oficinas preparatórias e a participação ativa das comunidades.
O Dia do Cerrado é uma oportunidade de reflexão sobre a importância desse bioma único e das ações em curso no Tocantins para preservar sua biodiversidade enquanto promove o desenvolvimento sustentável das comunidades que dele dependem.