A Advocacia-Geral da União (AGU) notificou a Meta nesta segunda-feira (18) exigindo a remoção, no prazo de 72 horas, de chatbots que simulam perfis infantis e mantêm diálogos de caráter sexual em plataformas como Instagram, Facebook e WhatsApp.
Segundo o órgão, os robôs foram desenvolvidos por meio da ferramenta Meta IA Studio e representam risco de erotização infantil. A AGU também cobrou que a empresa apresente medidas eficazes para impedir que crianças e adolescentes tenham acesso a conteúdos de natureza erótica.
Na notificação, a instituição destacou que as redes sociais da Meta podem ser acessadas por usuários a partir dos 13 anos, sem mecanismos robustos para verificar a idade de quem tem entre 13 e 18 anos. “Esses chatbots ampliam de forma significativa o risco de contato de menores com material sexualmente sugestivo e potencialmente criminoso”, alertou o documento.
Denúncia de Felca expõe problema e gera ameaças
A pressão sobre a Meta ganhou força após o influenciador Felca publicar um vídeo em que denuncia a existência de perfis e conteúdos voltados à adultização infantil. Ele citou, entre outros, influenciadores que utilizam imagens e referências a crianças e adolescentes em contextos eróticos.
Após a denúncia, Felca relatou ter recebido ameaças de morte e passou a circular em carro blindado com escolta de segurança em São Paulo. O influenciador também ingressou com ações judiciais contra 233 perfis na rede social X (antigo Twitter) por difamação envolvendo acusações relacionadas à pedofilia.
“Quem tem que ter medo são os pedófilos, e não quem está denunciando”, afirmou Felca em entrevista, ao comentar a onda de ataques recebidos depois da repercussão do caso.
Debate público e próximos passos
A atuação da AGU reforça a pressão sobre a Meta, que poderá enfrentar responsabilização caso não retire os conteúdos e não comprove medidas de proteção a menores. O episódio também reacendeu o debate sobre segurança digital e a necessidade de regulação mais rigorosa em plataformas de inteligência artificial e redes sociais.
O caso mobiliza não apenas autoridades jurídicas, mas também influenciadores e ativistas que alertam para o avanço de práticas de exploração e erotização de crianças no ambiente digital, um problema que, segundo especialistas, tende a crescer diante do uso de ferramentas de IA sem fiscalização adequada.